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O novo jornalismo cultural


Estudantes podem ser atraídos justamente pelo apelo do novo e desconhecido. O aspecto mais excitante do futuro do jornalismo cultural é que ele será híbrido, se alimentará de várias fontes de inovação e energia. Crítica e reportagem serão financiadas através de publicidade, licenciamento, redes sociais, doações, locação de espaço digital, permuta etc. Limites entre escritores e o público, canais de comunicação e círculos profissionais se misturarão de forma preocupante e esperançosa. A nossa noção do que seja uma “publicação sobre artes” ou “jornalismo cultural” serão moldadas através de novas relações entre as artes, a mídia e o público”.


Trecho de artigo de András Szántó. Para ele, o jornalismo cultural não está acabando, mas sim migrando para a internet. Mais do que nunca, as pessoas estão lendo e escrevendo sobre cultura, por causa da web. Segundo o indexador de blogs Technorati, são 185.000 blogs culturais. Há os mais focados em crítica, outros em trazer as novidades do setor.


Localmente, esses blogs podem fazer um trabalho bastante relevante, até porque lançam luz sobre pautas que não entraram em outros meios de comunicação, seja por falta de tempo ou espaço.


Todavia, do ponto de vista do artista, ganhar visibilidade está mais difícil. Pelo menos é o que acredita Juan Cruz, jornalista espanhol que participou do Congresso de Jornalismo Cultural, realizado em maio de 2009, em São Paulo. Segundo ele, "para um artista jovem se destacar nos dias de hoje, é preciso que aconteça com ele algo surpreendente e não necessariamente relacionado à sua obra".


Cruz acredita que "os cadernos de cultura estão ficando todos iguais. Os nomes reverenciados são sempre reverenciados e a novidade tem pouco espaço. Isso é um fenômeno mundial."


Segundo pesquisa da empresa de e-commerce Avail Intelligence (divulgada em julho de 2008), 8 de cada 10 fãs de música não lêem resenhas de críticos musicais, mas sim buscam recomendações online para comprar CDs ou fazer downloads.


40% deles utilizam para isso sites de relacionamento – como Facebook e ILike – e 41% confiam em amigos, familiares e em outros consumidores de lojas online para sedimentarem suas decisões.


Curiosamente, é interessante notar como o jornalismo, aliado à informática, pode gerar análises diferentes do que encontramos usualmente. O LA Weekly buscou responder, não pelo olhar de um crítico musical, quem deveriam ser os “headlines” do Coachella em 2008, festival que acontece nos EUA. Para isso, analisou as 128 atrações daquele ano levando em conta sexo do vocalista, etnia, destaque no Youtube, avaliações no Pitchfork (um dos sites mais relevantes sobre música), país de origem etc.


O resultado, bem extenso, mostra novas opções. Evidentemente, isso não deve ganhar ares de verdade incontestável. Há muito mais para se levar em conta na escolha das atrações principais de um festival, como a história do artista. Toda análise, em suma, deve contextualizar as informações.


Em 2008, depois de analisar os mais populares do ano na Last.fm, o site ReadWriteWeb chegou a uma curiosa conclusão: O Coldplay é para a Last.fm o que os Beatles foram para a Billboard. Isso porque, nesse ano, a banda de Chris Martin aparece com seis músicas no top 10 das mais tocadas na Last.fm, algo similar ao que os Beatles conseguiram nas paradas de sucesso em 1964.


Crítica 2.0


O poder da crítica, não raro, é relativizado pelos artistas e a indústria do entretenimento. Alguns a tratam com desdém, outros oferecem argumentos mais elaborados. Como o cineasta Fernando Meirelles, diretor de “Cidade de Deus” e “O Jardineiro Fiel”, que certa vez comentou que o crítico analisa a obra que ele gostaria de ver, e não a criação em si.


Mesmo questionável, essa relação de amor e ódio ganhou uma escala diferente nos tempos atuais. Graças à internet, essa atividade que o pensador francês Jean Douchet definiu como “a arte de amar” ganhou maior ressonância. Se antes uma avaliação ruim poderia ser suplantada por citações de trechos positivos de outras análises (o que pode ser visto nos cartazes dos filmes), agora uma obra pode ser percebida através da somatória das análises publicadas na internet.


Há sites que catalogam as resenhas mais relevantes e fazem uma média geral da avaliação dos críticos e do público. O site Metacritic é o mais conhecido deles. Traz dados sobre filmes, programas de TV, jogos eletrônicos, músicas e livros. Basta digitar o nome da obra que ele fornece a nota média obtida.


Há também os que atuam em nichos. Como o Critical Metrics, especializado em música. Tem o diferencial de permitir o acesso ao material analisado, pois o serviço traz dados do YouTube, do Yahoo!Music e do Rhapsody. Ou o Hype Machine, que cataloga os principais blogs sobre música e cria um raking com as músicas mais tocadas. 





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