Diferente de outras épocas, não está mudando apenas o meio de comunicação preponderante, mas sim o consumidor de informação. Da era do rádio para a TV, por exemplo, os hábitos da audiência eram similares. O canal mudou, a experiência foi enriquecida mas o público permanecia passivo, não participava diretamente da programação. Com a internet, muda o cenário.
O meio online é mais rico em possibilidades. Quando se comenta que a internet está atraindo público de outros meios, é importante notar que, nesse novo ambiente, ele não se comporta como outrora. Ele não consome mais informação como antigamente. Nesse novo espaço, ele se dedica a manter contato com sua rede social, baixar arquivos, produzir conteúdo etc. Além disso, ele ainda pode estar fazendo outras atividades, como assistir TV, tudo isso ao mesmo momento. São os tempos do homem multitarefa.
Outros caracterizam esse novo grupo como millennials. Também chamados de geração Y, são jovens nascidos entre 1977-1995 que utilizam bastante a tecnologia, gadgets etc.
Antes, grande parte do público se sentava na frente da TV e acompanhava as notícias no seu telejornal preferido ou optavam por ler uma publicação impressa. Agora, cada vez mais, as empresas de comunicação terão de lutar pela atenção desse público, muitas vezes investindo em novas formas de divulgação.
Na internet, se consume muita informação, mas não necessariamente notícia como conhecemos atualmente, com lide (o que, quando, onde...), pluralidade de pontos de vista... Alguém pode passar para seus contatos um vídeo amador hospedado no YouTube e esse público, não necessariamente, vai buscar informação contextualizada sobre o tema.
Aquele leitor que consome notícia baseado em recortes de tempo (jornal ou telejornal diário, revistas semanais) diminui. Não que esteja extinto. Atualmente quando se fala em consumo de informação, parece-me que se referem a um único tipo de leitor, que teria os mesmo hábitos de consumo. E isso não existe. Há uma gama de opções de formas de obter notícias. Há TVs (abertas e pagas), jornais impressos, rádio, internet, revistas etc. Eles variam de periodicidade, de linguagem e de preço, entre outras características. Há muitas opções pelo simples fato que se trata de um público heterogêneo, com gostos e anseios distintos.
Todavia, é inegável que surgem novas abordagens de se lidar com a notícia: muitas pessoas buscam informações via Google, e somente quando precisam pesquisar assuntos específicos. Na prática, quem vira o editor é o serviço de busca, que vai listar sites, blogs e demais fontes de informação conforme seus critérios de relevância. E muitos dos resultados tem um apelo econômico: são páginas cujo acesso é gratuito. O Google domina 82% do mercado mundial de buscas. O dados é da Net Applications.
Além disso, a audiência consome informação fragmentada. Um programa humorístico como o CQC, exibido pelo canal Bandeirantes, apesar de ter boa audiência na TV, tem seu alcance multiplicado via internet. Entretanto, dificilmente esse público vai acompanhar todo o programa. Na verdade, vai assistir quadros específicos, que geraram mais recomendações e comentários na sua rede de contatos.
Ademais, segundo pesquisa divulgada no começo dessa década pelo especialista em usabilidade Jakob Nielsen, 79% dos leitores não lêem palavra por palavra na internet; eles fazem uma varredura do conteúdo, o texto é “escaneado”. Entre os motivos desse novo estilo de leitura, Nielsen aponta que ler no computador é mais cansativo para os olhos, além de ser 25% mais lento que a leitura no papel; a interatividade do novo meio faz com que as pessoas queiram clicar, mover. Querem ser ativas no processo de comunicação online. Além disso, a diversidade de opções faz com que seja necessário competir pela atenção do leitor, que não estaria disposto a investir muito tempo num único site: ele visita muitos endereços e coleta o que acha mais relevante dessas diversas fontes.
Nesses novos tempos, as empresas de comunicação não vão apenas competir no mesmo segmento como outrora. Como a internet é multimídia, toda a indústria da informação tem seu espaço: rádio, TV, texto... Ademais, a indústria da notícia também terá de conquistar a atenção desse novo consumidor de informação, que anda cada vez mais disperso. Online, podemos estar alertas, mas pouco atentos. E a fadiga da informação pode se fazer presente.
O jornalista Gilberto Dimenstein escreveu que, “assim como excesso de comida não significa saúde, mas doença, excesso de informação não significa capacidade de lidar criativamente com o conhecimento. Ficar muitas horas no computador é a versão intelectual da obesidade”.
Hoje, é possível definir nossa experiência de comunicação como nunca. Podemos "customizar" não apenas os assuntos que achamos mais relevantes, como também as fontes apropriadas.